Jesus Histórico – Versões Diversas

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Um fato é indiscutível; Jesus existiu e viveu intensamente.

De família judaica era culto, provavelmente estudante das histórias e das crenças judaicas, em preparação para o rabinato, suspeitam alguns historiadores, razão dele conhecer muito bem os fundamentos dos diversos testamentos judaicos, que influenciaram a criação de novos testamentos e da bíblia cristã. Muitos consideram que, na juventude, ele foi professor.

Após seu desaparecimento identificado como Filho de Deus, Messias, Príncipe da Paz e Profeta Carismático, na maturidade os acontecimentos de sua vida são polêmicos. Diversas versões são declaradas como verdadeiras, muitas como mitos, conforme os respectivos historiadores que estudam sua história.

Considero algumas delas como possuidoras de maior possibilidade de verdades. Creio mais nas que relato a seguir.

As controversas iniciam com a data do nascimento de Jesus, que atualmente comemoramos como sendo no dia 25 de janeiro, natal.

Desconsiderando o mito do nascimento em paupérrimo estábulo, alguns afirmam que Jesus nasceu no tempo em que era vivo Herodes, empossado pelo Império Romano como rei do território da Judéia. Segundo as datações cristãs, Herodes morreu 4 anos a.C. Assim, Jesus teria nascido entre os anos 7 e 4 a.C.

Outros afirmam que, na antiguidade, honravam o dia 06 de janeiro como data do nascimento de Jesus. Tal crença teria predominado até o ano 321, quando Constantino, imperador romano, venerador do Deus Sol Invictos, para aproximar sua crença à da sua esposa, então convertida ao cristianismo, e politicamente interessado em conseguir boa convivência do seu povo pagão com os cristãos, por meio da idolatria do seu Deus Sol Invictos e Jesus, determinou que as festividades do nascimento de Jesus passariam a ser comemoradas no dia 25 de dezembro, mesma data em que venerava o renascimento do Deus Sol, seu Venerável Deus Sol Invictos. Assim permanece até hoje.

Complementar.

  • Nessa mesma época, Constantino foi também responsável pela criação, intensa divulgação e grande distribuição de nova versão da bíblia cristã, predominantemente a atual.
  • Aspirando manter a pacificação e seu poder sobre o povo cristão, unidos aos seus pagãos que idolatravam o Deus Sol, realizando pacto com a igreja cristã no ano 325 Constantino convocou e presidiu o Concílio de Niceia.
  • Por determinações que atendiam aos interesses da Igreja, e de Constantino, decidiu-se que Jesus era um Deus, e não um profeta mortal. Com isso, a população pagã que adorava o Deus Sol aceitou pacificamente Jesus como sendo uma das manifestações deificadas do Deus Sol Invictos.
  • A auréola brilhante até hoje usada sobre a cabeça de Jesus, e alguns santos da igreja, foi imposição de Constantino, para que seu povo pagão interpretasse que Jesus era um protegido do Deus Sol.
  • Nesse concílio, na criação da nova bíblia, foram realizadas significativas adaptações nos textos do Novo Testamento, praticamente ignorando o Velho Testamento, cujos fundamentos foram quase totalmente abandonados, com aquiescência dos dirigentes eclesiásticos da época.
  • Sob a nova orientação foram selecionados textos para refazer e recompor a nova Bíblia Sagrada Cristã, em seguida condenando e destruindo todos os livros e documentos que se opunham às novas determinações. Alguns foram furtivamente salvos e escondidos.
  • A Igreja passou a receber renda fixa de Constantino, que também doou e instalou o bispado de Roma no Palácio Lateran, ou Latrão, até hoje integrado ao Estado do Vaticano.
  • A Igreja passou a literalmente controlar seus seguidores, pela obrigatória confissão e pela exigência da fé incontestável, condenando o gnosticismo, este proibido como inimigo da igreja. Os fiéis passaram a dever respeito cego às suas determinações, pela fé absoluta, e a avaliação e o estudo da crença esclarecida, ou gnose, passam a ser condenados como heresias.

O local de seu nascimento também é controverso. Alguns historiadores acreditam que Jesus nasceu em Nazaré, que teria sido a cidade Natal de seus pais, Maria e José. Entretanto, Nazaré ainda não existia naquele tempo, só surgindo como cidade no século III ou IV d.C. Mateus e Lucas declaram que Jesus nasceu em Belém. Talvez essa indicação seja a correta.

Outra possível confusão que fazem a respeito do seu nascimento é o fato dele ser conhecido como Jesus o Nazareno, que na realidade o identificava como participante do grupo dos Nazarenos, ou Zadoquistas, ou filhos de Zadoc, seita a qual pertenceram Jesus e seus familiares, razão dele ser identificado como Jesus o Nazareno.

Outro fato relevante.

  • Jesus também teria participado intensamente dos ensinamentos dos Essênios, grupo de ascetas que usavam vestimentas brancas e possuíam profundos conhecimentos esotéricos e científicos, com sucesso praticando a medicina curativa, sob tratados de propriedades terapêuticas de ervas e minerais, sendo reconhecidos pelos seus conhecimentos terapêuticos. Deles Jesus teria adquirido eficientes conhecimentos curativos.

Nascido em família numerosa, muitos documentos considerados apócrifos, encontrados escondidos em subterrâneos e cavernas, relatam que ele teve irmãs e irmãos; Salomé, Maria, Simão, José, Tomé, Tiago e Judas.

Citado na bíblia em algumas passagens, Tomé era seu irmão gêmeo. Alguns relatos mais ousados chegam a declarar que, ao ser condenado à crucificação, teria sido substituído por Tomé, que de fato faleceu e teve seu corpo sepultado segundo mandamentos judaicos, enquanto o verdadeiro Jesus, em fuga, era conduzido para outra nação.

  • Alguns historiadores vinculam essa possibilidade, dele ter vivido em diversas regiões, incluindo Alexandria, no Egito, onde, aproximadamente em 45 d.C., um pseudo sábio Ormus teria criado uma organização secreta, que depois daria origem à Rosacruz, amalgamando o cristianismo com mistérios pré-cristãos. 
  • A ausência do corpo na sepultura próxima do local da crucificação teria ocorrido em razão de ter morrido horas antes do Sabá – Shabat -, dia sagrado do descanso semanal no judaísmo. O corpo precisou ser removido imediatamente em seguida ao sepultamento, para que pudesse ser ungido adequadamente antes de seu enterro final. Assim, não foi encontrado no terceiro dia.

Tiago, que após o desaparecimento de Jesus teria sido responsável pela intensa e fiel divulgação das crenças e mandamentos do irmão, por muitos anos liderando diversos grupos, por sua dedicação foi homenageado com uma cidade e uma igreja em seu nome, no noroeste da Espanha; Santiago – São Tiago – de Compostela, com sua Catedral de Santiago, até hoje importante centro de visitas e peregrinações de cristãos.

Judas, sim, o mesmo traidor por trinta moedas, na realidade fiel irmão que, respeitando orientações e ordens do irmão Jesus, contrariado procurou os romanos, indicando onde seu irmão estava. Essa situação é claramente subentendida nos relatos bíblicos acontecidos durante a última ceia.

Num casamento em Canaã, Jesus teria transformado – ou substituído – água em vinho. Historiadores citam passagens bíblicas e de evangelhos apócrifos revelando que essa comemoração teria sido do casamento do próprios Jesus, com Maria Madalena, que na realidade pertencia à rica e importante família real judaica de Benjamim, e teriam gerado alguns filhos.

  • Segundo os costumes judaicos da época, o casamento não era somente usual, mas obrigatório, sendo o celibato vigorosamente condenado, chegando mesmo a comparar a condição de solteiro como um assassinato.
  • Era obrigação do pai judeu encontrar esposa para o filho, da mesma forma e importância que o era assegurar a circuncisão. Se Jesus não fosse casado seria um fato anormal entre os judeus, que teria sido severamente evidenciado.
  • E, sendo Jesus muito provavelmente um rabino e/ou professor, ou que para isso estivesse sendo preparado, seria impossível ser solteiro. Ainda que fosse apenas um professor, igualmente deveria obrigatoriamente ser casado.

Na entrada triunfal em Jerusalém, e na ocorrência dos distúrbios no templo judaico, a intensão de Jesus teria sido de realmente ser preso e julgado pelos Saduceus, sacerdotes do templo, para atender e se igualar às profecias sobre a chegada do Messias.

Antecedendo essa oportunidade, intencionalmente tinha provocado a ira dos Saduceus e incomodado os romanos, ao entrar em Jerusalém montado em um jumento, então inexistente naquela região. Para essa ocorrência ele teria orientado alguns dos seus seguidores a se deslocarem para região próxima, onde pessoa previamente identificada lhes entregaria o jumento depois utilizado.

De acordo com o evangelho de João, foi em Jerusalém, na semana antes da Páscoa, que Jesus entrou na cidade montado num jumento. Algumas profecias proclamadas pelo profeta Zacharias declaravam que o Messias surgiria humilde, montado num jumento. Assim, lá estava Jesus, na última semana de sua vida, descendo do Monte das Oliveiras para a cidade, montado num jumento, reproduzindo a profecia.

Aos gritos de Hosana, grande multidão se juntou ao homem que agora estava abertamente sendo chamado de Messias, aquele que libertaria o povo judeu do domínio Romano.

Muitos deduzem que Jesus realizou essa ocorrência consciente de que, mais que aos romanos, estaria provocando os Saduceus, sacerdotes do templo judaico, onde em seguida ele também provocou forte confusão, que o prenderiam, o transformando em prisioneiro do Sanhedrin, conselho de anciãos judeus, que em seus julgamentos não impunham a pena de morte.

  • Segundo a história, ao ser preso no Jardim de Gethsemane, por perturbar a ordem, corretamente Jesus teria sido levado ao Sanhedrin, conselho dos anciões judeus, que tinha plena autoridade para fazer tal julgamento, vez que a principal das acusações, proclamada pelos Saduceus – sacerdotes – era de crime contra os Judeus, embora os distúrbios causados por ele tenham incomodado também os romanos.
  • Mas, estranhamente, o Sanhedrin preferiu mandá-lo para ser julgado por Pôncio Pilatos, corrupto déspota romano, que seguidamente o chama de rei dos judeus, e manda que uma inscrição com esse título seja afixada à sua cruz, fato que figura em todos os Evangelhos.
  • Pilatos teria ainda submetido a sentença ao povo, sem ter razão para isso, vez que possuía autoridade para impô-la. Condenado por crimes contra os Judeus, não é explicada a razão da imposição de morte pela crucificação, costume aplicado apenas para punir crimes contra Roma, condição estranha para classificar apenas desordens que um profeta estaria originando entre os Saduceus e a população, como outros que também circulavam pela região naquela época.
  • Outro acontecimento incompreensível – interpretado como possível suborno – é Pilatos ter autorizado a retirada do corpo da cruz imediatamente após o desfalecimento, vez que, para servir como exemplo de severo castigo por crime contra Roma, determinavam a permanência na cruz até a decomposição.

Essas são algumas das muitas controversas intepretações.

Resta-nos aprofundar os estudos, para conseguirmos decisão consciente, ou não!

  • Fontes: livros diversos – Michael Baigent, Richard Leigh, Henry Lincoln e outros -, e matérias confiáveis na Internet, em textos, vídeos e filmes.

Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
21/08/2024

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